"Deusas do Empreendedorismo" Num pais onde mais da metade população é constituída por mulheres
Uma ponte entre o empreendedorismo da rua e os negócios tradicionais. O que diferencia a Wakanda Educação Empreendedora é justamente a aproximação, ao falar de empreendedorismo com uma linguagem informal e regional. Esse mundo de palavras em inglês que giram em torno do que é empreender sempre incomodou Karine.
“Fora as referências de empresas multinacionais, ao invés da gente validar as empresas daqui. Entrando nesse universo, pegando essa experiência de impacto social, conhecendo empreendimentos incríveis, foi que eu comecei a perceber o quanto a gente aqui no Brasil tem uma grandiosidade de iniciativas e por que não construir uma ponte entre esse empreendedorismo da rua, do corre, e o mundo dos negócios tradicionais como a gente conhece?”, pensou.
Segundo a empresária, não é que há uma linguagem boa e outra ruim, mas evidenciar a existência de outras maneiras de falar sobre empreendedorismo. “Queremos mostrar para as pessoas que esse método Wakanda, esse jeito de utilizar a linguagem informal como transformação, como uma tecnologia para traduzir os conteúdos do meio de negócio, é possível. Esperamos chegar a outros estados em 2021, fixar essa referência em educação empreendedora focada em empreendimentos periféricos”, projetou a CEO.
A jornada empreendedora de Karine, inclusive, começou em casa, quando via a sua mãe sair para trabalhar fora. “Minha mãe começou a fazer esses corres de estar na rua, de fazer esses trâmites, e foi vendo ela empreender e fazer essa atividades que eu também me inspirei. Lembrando que minha mãe nunca se identificou como empreendedora, assim como várias outras mulheres negras, porque essa figura do empreendedor está muito distante”.
“Dentro das comunidades periféricas, onde os maiores empregos são negados, a maior parte das pessoas já empreendem. O que acontece é que chamam isso de bico, de corre e por isso não se identificam com o empreendedorismo como ele é colocado”, pontuou.
A educação empreendedora para a população negra e periférica

Historicamente a população negra empreende há um bom tempo. “Por conta de questões estruturais e por conta da falta de empregos disponibilizados para a população negra, a gente sempre buscou através dessas atividade uma forma de sustentar nossas famílias e nossa comunidade, como foram as baianas de acarajé, as negras ganhadeiras [mulheres negras livres que lutavam para garantir o seu sustento e o de seus filhos, trabalhando com a prestação de diversos serviços na cidade, nos séculos 18 e 19], dentre tantas outras pessoas”, explicou.
“Por isso que o mais legal é quando a gente ressignifica o empreendedorismo e mostra que existem outros olhares. Por exemplo, a figura do empreendedor fica muito ligada ao “Lobo de Wall Street” [Jordan Belfort, que trabalhou por muitos anos no mercado financeiro em Nova York e que teve a vida retratada no livro e no filme ‘O Lobo de Wall Street’], mas quando você lembra que as mulheres negras ganhadeiras em 1800 já faziam essas atividades e também atividades ancestrais, ressignificar o empreendedorismo é importante, traz a grandiosidade da população negra e ressalta o que a gente já faz.”
Texto escrito por: Por Tamiris Gomes
Fonte: https://www.napratica.org.br/karine-oliveira-wakanda-educacao-empreendedora/
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