Estruturas produzidas com recursos locais, podem ajudar a reter umidade no solo e regular temperatura ambiente.
O designer Zihao Fang buscou inspiração na natureza para desenvolver o Aquastor, uma estrutura biodegradável projetada para combater a expansão dos desertos, produzida unicamente com os recursos locais disponíveis.
O projeto de Aquastor está baseado em uma pesquisa da Universidade de Princeton, que mostra que os cupinzeiros podem evitar que terras férteis transformem em deserto, armazenando umidade e nutrientes em seus túneis subterrâneos.
Muito parecido com um cupinzeiro, os vasos projetados por Zihao são fabricados a partir de uma mistura de materiais incluindo argila, areia, folhas secas e exoesqueletos. Sua construção oca retém água e tem uma estrutura que lembra dois cones empilhados, com o menor projetado para ser enterrado no solo.
“Dessa forma a umidade é canalizada para o solo, enquanto melhora a circulação do ar e reduz as temperaturas perto da superfície”, explica o designer. “Com o tempo, o vaso se quebrará completamente para fornecer nutrientes ao solo”.
O uso de um conjunto de vasos constitui um método local de baixo custo e baixa tecnologia para apoiar o crescimento da vida vegetal nas terras áridas do mundo, que já constituem 40% da superfície terrestre.
Desertificação
A desertificação é uma ameaça cada vez maior, devido a uma combinação entre mudanças climáticas e atividades humanas, como desmatamento e práticas agrícolas insustentáveis.
“Embora a degradação da terra tenha ocorrido ao longo da história, o ritmo acelerou, atingindo 30 a 35 vezes a taxa histórica”, declarou o designer em uma entrevista.
“EU QUERIA USAR O MÉTODO DE MENOR CUSTO PARA RESOLVER OS PROBLEMAS DE TEMPERATURA E UMIDADE NO DESERTO.”
Aquastor
O aumento das temperaturas globais, combinado com sobrepastoreio, sobre-agricultura e eventos climáticos extremos, como secas, inundações e incêndios, podem fazer com que a vegetação em terras áridas se dilua e deixe a camada superior do solo rica em nutrientes vulnerável à erosão pelo vento e pela água. O solo degradado não é capaz de sustentar a vida vegetal ou animal e luta para reter água.
Mas, segundo Zihao, com a introdução do vaso Aquasto, muitos micro e macroporos do material podem armazenar água e canalizá-la para o solo antes que possa ela evapore ou seja desviada.
Isso é possível por meio de um orifício no fundo do vaso, enquanto outro orifício no topo permite que o ar mais frio do interior protegido do vaso flua para o exterior, regulando as temperaturas perto do solo e diminuindo a evaporação da água preciosa.
“O tempo real de degradação mudará em diferentes regiões, mas espera-se que o problema da desertificação na área melhore antes que o cinturão de proteção do Aquastor seja completamente degradado”, afirmou Fang.
Projeto adaptável
A primeira versão do Aquastor foi testada perto do deserto Takla Makan, no noroeste da China, usando materiais locais retirados do próprio deserto. Mas Fang garante que a a receita pode ser facilmente adaptada para diferentes contextos.
Alinhados em uma formação em zigue-zague, os vasos Aquastor podem atuar como “baluartes contra as mudanças climáticas”, explica Fang, tanto enriquecendo o solo quanto bloqueando fisicamente sua erosão pelos ventos do deserto.
Várias iniciativas, como o projeto Grande Muralha Verde, tentaram alcançar resultados semelhantes com o plantio de cinturões de árvores. Mas Fang argumenta que os vasos Aquastor também são uma alternativa, mais eficiente em termos de tempo e dinheiro.
“Em áreas desérticas onde os recursos são escassos, uma grande quantidade de dinheiro é necessária para manter a água e os nutrientes para que um grande número de árvores sobreviva”, argumentou.
Por: Natasha Olsen | Redação Ciclo Vivo | Posto Agronegócio e Veterinária
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