Briga entre facções deixa ao menos 10 mortos em cadeia pública no Ceará
- A Folha do Vale - Jornal e Site
- 29 de jan. de 2018
- 3 min de leitura

Ao menos dez presos morreram e oito ficaram feridos nesta segunda-feira (29/01) em uma briga de facções criminosas rivais registradas na Cadeia Pública de Itapajé (125 km de Fortaleza). A informação é do Copen (Conselho Penitenciário do Estado do Ceará), vinculado à Secretaria da Justiça e Cidadania, e da própria pasta. O caso ocorreu por volta das 8h30.
Em nota, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará confirmou o número de mortos. “Os internos iniciaram uma briga entre grupos rivais que resultou nas mortes. Policiais do município e agentes penitenciários do Grupo de Operações Regionais realizaram a intervenção, controlando a cadeia”, informou a nota.
De acordo com o presidente do Copen, Claudio Justa, o conflito ocorreu em meio à não repartição de facções em unidades prisionais menores do Estado – nas grandes unidades a separação já vem sendo feita – e supostamente como retaliação à chacina ocorrida em Fortaleza do último sábado (27/01). Na ocasião, 14 pessoas foram assassinadas. No final de semana todo, porém, foram 25 mortes registradas em Fortaleza.
O conflito ocorreu entre custodiados ligados à Guardiões do Estado (GDE), aliada da maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), e ao Comando Vermelho (CV).
“A chacina teria ocorrido a mando da facção Guardiões do Estado (GDE), que, hoje sofreu esse mecanismo de retaliação por parte de outra facção, o Comando Vermelho (CV), na cadeia pública. Embora as grandes unidades de prisão do Ceará façam essa separação por facções, as unidades menores ainda mantém, ainda que em alas separadas, esses integrantes em conflito”, explicou Justa ao uol.
Conforme o presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará (Copen), a rebelião foi controlada por policiais do Batalhão de Choque. Ele nem sabe ao certo quantos, mas informou que presos mais diretamente ligados ao conflito foram transferidos a outras unidades como forma de estancar o estopim.
Além do caso registrado hoje, o Conselho Penitenciário do Estado do Ceará (Copen) apura outras rebeliões que estariam se desencadeando por outras unidades prisionais menores em cidades cearenses. "A crise de segurança pública no Estado é gravíssima, e isso está agora repercutindo dentro do sistema prisional”, observou Justa.
A reportagem tentou ouvir também a Secretaria de Segurança Pública do Ceará sobre o episódio, mas a pasta delegou à Justiça as manifestações sobre o caso.
CEARÁ LIDERA RANKING DE PRESOS SEM JULGAMENTO
O Ceará registra o maior número de presos sem condenação do país, segundo dados do levantamento Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), divulgado pelo Ministério da Justiça no começo do mês. No Estado, dois em cada três presos são provisórios e aguardam julgamento para cumprir pena.
De acordo com o levantamento, o Estado ainda tinha o maior número de presos em delegacias entre as unidades da federação em junho de 2016 – mês referência para os dados do levantamento. No Ceará, nessa data, havia 22.741 presos provisórios de um total de 34.566 detentos. O percentual de presos sem condenação no Estado é de 65,8%, 25 pontos percentuais a mais que a média nacional, de 40,2%. Dos presos, quase um terço estava detido em delegacias em junho de 2016: 11.865 ao todo.
O número é o maior entre todas as unidades da Federação – seis Estados não informaram se havia presos em delegacias: Acre, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Roraima e Tocantins.
Por: Janaina Garcia com informações de Carlos Medeiros, em Maceió











































































Comentários