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Afinal, a meditação traz resultados para a vida prática?

  • Foto do escritor: A Folha do Vale - Jornal e Site
    A Folha do Vale - Jornal e Site
  • 28 de jun. de 2019
  • 6 min de leitura

Especialista em técnicas de meditação, Maria Helena Dias, coordenadora da Brahma Kumaris de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, garante que sim. Neste fim de semana (29 e 30 de junho), ela estará na Serra do Cipó para ministrar o retiro: "Dê um tempo para você".


Em entrevista exclusiva, a professora e praticante de meditação há mais de 30 anos explica alguns conceitos sobre a prática e os benefícios da raja ioga, uma resposta encontrada por ela diante das inquietações e dos questionamentos sobre a própria existência.

Palestrante de cursos e workshops na área de qualidade de vida e meditação, Maria Helena já viajou mais de 15 vezes para a Índia com o objetivo de aperfeiçoar suas técnicas, e acredita que a reconexão do indivíduo com a essência divina que habita cada um é capaz de modificar comportamentos e de ajudar no combate a males do mundo contemporâneo, como ansiedade e depressão. “A mente é a maior amiga e a maior inimiga do homem. O que difere essa dualidade é a forma de acessá-la, que pode ser positiva ou negativa. É capaz de criar projetos maravilhosos, mas também a bomba atômica. Tudo depende da forma com que vou pilotar esse vértice que forma o eu.”

Confira, a seguir, um bate-papo com a especialista.


Como você descobriu a meditação?


Estava com 21 anos e já praticava ioga quando conheci a Brahma Kumaris, um movimento espiritual mundial fundado na Índia em 1937, organização não governamental (ONG), sem fins lucrativos, que se dedica à transformação pessoal e à renovação do mundo. Após aquele contato, fui me aprofundando e me apaixonando pelo tema meditação e raja ioga. Pra mim, foi um encontro a tudo o que eu buscava: algo que aquietasse a mente e o coração. Com o tempo, encontrei respostas de preenchimento interior e o caminho para o meu espaço interno, o qual eu ainda desconhecia. Desde então venho percorrendo essa caminhada.


Qual é o conceito de meditação?


De fato, existem muitos tipos de meditação. Algunss acreditam que meditar seja a capacidade de esvaziamento da mente. Mas o próprio fato de pensar em uma tela branca já é pensar. Até mesmo dormindo nós pensamos. Na Brahma Kumaris, praticamos a meditação chamada raja ioga (o significado de raja é real, elevado, e de ioga é conexão). Então, entendemos que a prática promove a conexão do indivíduo ao que existe de mais elevado. Nesta linha, você entra em contato com o âmago do seu ser, a alma, e gera pensamentos que sejam positivos. Em síntese, na raja ioga o indivíduo se conecta com sua essência, que é positiva, elevada, pacífica e amorosa. E isso é que faz a diferença para a vida cotidiana. Por que ao encontrar ou se reconectar com o que já existe dentro de cada um, intuitivamente, o estar consigo mesmo, ao acessar o mundo inetrior, o indivíduo encontra paz.


O que promove essa sensação de paz interior?


A experiência de se considerar um ser especial. Veja: todos somos seres espirituais tendo uma experiência humana. Logo, a minha essência é divina, repleta de qualidades. Com a raja ioga, você procurar o que te pertence. Ao longo da vida, perdemos a paz dentro de nós mesmo, mas ela é nossa, nossa properiedade. As pessoas procuram fora o que está dentro. Acreditamos que a prática da medição leva o indivíduo a reacender uma chama interior que muitas vezes estava quase apagada. O corpo humano acaba, tem prazo de validade. Mas a alma não, é eterna, e é com essa eternidade que nos conectamos. Ela habita o nosso templo chamado corpo.


Tem a ver com religiosidade?


A Brahma Kumaris nasceu na Índia, tem a ver com espiritualidade, um conceito bem mais amplo. Mas depende do que o indivíduo entenda como religião: se é religar-se à própria essência, sim. Na meditação me conecto com esse ser que sou, eterno, numa conexão com o diamante que habita dentro de mim, com o ser superior, Deus, ou seja lá o que for que a pessoa entenda como fonte eterna de energia suprema.


Quais são os principais benefícios da prática?


Os benefícios são gigantes. Se pensarmos que o corpo e as doenças são psicossomáticas, o estado da mente afeta o estado do corpo. Podemos pensar que, com a mente quieta, em paz, eu harmonizo também o corpo. Já uma mente acelerada, preocupada, ansiosa, angustiada, joga toda essa energia, essa vibração para o corpo, o que pode vir a gerar uma quantidade enorme de doenças. Desde problemas de baixa imunidade até câncer. Definitivamente, não é bom cultivar mágoas, ressentimentos, tristezas. Além da saúde em si, tornando a minha mente pacífica, harmonizo minhas relações: em casa, com amigos, no trabalho. Quando estou de bem comigo mesmo e em frequência com minhas próprias virtudes, acordo, resgato, vou corporificar, assimilar essa mudança no meu cotidiano. Ser uma pessoa mais calma, sensata, flexível. Vou estar mais harmônica, com mais capacidade de diálogo.


E os principais obstáculos?


São o velho jeito de pensar e os velhos hábitos. Registros do ser em memórias do passado, de mágoas e ressentimentos. Porque existe um processo interno na meditação. Na meditação acessamos a mente, que pensa e tem emoções; o intelecto, que decide, discrimina, que toma a decisão; e existem as memórias e os registros que estão gravados na memória.


Como processar e se livrar desses velhos hábitos, dessas memórias maléficas?


Há um processo dentro do eu. Um triângulo de forças. Imagine que, hoje, quem está no comando é a mente, que deseja: quer, quer, quer. No processo do eu, quando a pessoa está ansiosa e preocupada, é a mente que está lá. Mas é preciso dar força também para o intelecto. Numa analogia, descrevo uma situação que ilustra o que digo. Sob o controle apenas da mente, o indivíduo pega uma fruta para comer, não vê que um pedaço está estragado e a consome ser perceber que vai fazer mal. Já com a recuperação do intelecto, do discernimento, você corta a parte estragada e come a parte saudável. No trabalho, por exemplo, um chefe é rude.... se você manter esse podre na mente, experimenta tristeza. Mas se for capaz de assimilar aquela atitude como alheia, como algo que não pertence a você, não deixa a tristeza entrar. Para fortalecer o intelecto é preciso trabalhar a autoestima, o autorespeito. Saber seu valor pessoal, saber discernir e não absorver o problema do outro para si.


Você acredita que a meditação ajuda o indivíduo a enfrentar problemas e crises?


Vamos pensar em um outro triângulo: há situações e circunstâncias numa ponta; na outra, as pessoas e, em uma terceira, o eu. De todas as pontas, o indivíduo só pode atuar ou modificar o eu. Quando você olha para a situação do mar de lama em Brumadinho, para citar um exemplo trágico, você não tem forças sobre esse tipo de situação. Sobre si você pode ter controle. Entendo que é esse o investimento na meditação. Não posso mudar o outro, mas inspirá-lo com minha determinação, força de vontade, paz. Em mim, posso trabalhar o fortalecimento para poder enfrentar as situações e circunstâncias com estabilidade, força, equilíbrio. E a harmonia e o equilíbrio ajudam a enfrentar os momentos de crise, fazem com que a pessoa mantenha a serenidade diante de uma situação difícil. E também revela quem realmente somos, sem as interferências externas. Disso sou prova: antes de começar a meditar, tinha uma personalidade (persona é máscara em grego) muito explosiva, irritada, preocupada. Depois, e isso de acordo com a observação das pessoas à minha volta, sou mais serena, mais e mais calma. Credito à conexão interior o fato de ter resgatado o que estava escondido dentro de mim.


Você também cita dragões pessoais em suas palestras. Quais são eles?


Os dragões são os medos e angústias que habitam nosso espaço interno. As preocupações, as expectativas. São sentimentos que minam a nossa força. Imagina um coco por fora: feio, cabeludo, duro. Mas por dentro há uma polpa branca e um néctar doce. Muitas vezes, a gente se olha apenas externamente, só vê o coco. Na meditação, você quebra essa velha personalidade, abre a casca e vê que não é nada daquilo. Dentro de si há um soro, uma fruta extremamente proteíca. Somos infinitamente melhores do que acreditamos. Quando acessamos esse eu interior, resgatamos o amor próprio, o sentimento de autoestima, de autoresgate. O indivíduo se apresenta a si mesmo.


A mente é mesmo a maior inimiga do homem?


A mente é a maior amiga e a maior inimiga do homem. O que difere essa dualidade é a forma de acessá-la, que pode ser positiva ou negativa. É capaz de criar projetos maravilhosos, mas também a bomba atômica. Tudo depende da forma com que vou pilotar esse vértice que forma o eu. Pode ser totalmente para o bem. Ou para o mal. Os pensamentos são criados na mente, são filhotes da mente. E, nesse sentido, os dragões são os pensamentos negativos.

É uma matemática: se penso negativamente, estou poluindo a mente; se penso positivamente, limpo meu espaço interno para que eu possa construir algo positivo. Nesse sentido, devemos estar em vigília. E é o intelecto que define o que vamos pensar. É ele que identifica que não é um pensamento saudável e, portanto, que deve sair do espaço mental.


Por que o indivíduo deve dar ou ter um tempo para si mesmo?


Em média, temos de 30 mil a 50 mil pensamentos por dia. O que você faz com essa quantidade de pensamentos? O que faz com essa energia? Levará um foguete para a lua ou destruirá o planeta? É preciso mostrar para o dragão que quem manda ali é a fada. O eu elevado, o eu eterno, a estrela viva, a chama virtuosa. Descobrir a chave para esse eu é dar saída às virtudes interiores, que são puro amor e felicidade.

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