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Artigo: Calçar o sapato dos outros

Quando era criança, com oito ou dez anos, ainda gostava de contos de fadas e acreditava que um dia encontraria na rua uma fada que me concedesse um desejo. Ficava horas e horas na cama a sonhar com todos os desejos que poderia pedir. Geralmente, imaginava pedir mais sabedoria, pois pensava que iria trazer-me tudo o que queria: boas notas na escola, amigos do coração, reconhecimento e, mais tarde, uma vida bem interessante.

Hoje, ainda estou convencida de que a sabedoria é a qualidade mais útil e mais prática que um ser humano pode desejar. Ela oferece-nos mais do que a ambição, o talento ou a perseverança. Na altura, pensava que, mesmo que fosse feia, doente ou pobre, se tivesse sabedoria, poderia ajudar os outros, que, por sua vez, iriam apreciar-me pelos pensamentos sábios.


Havia um desejo em particular que era o meu preferido e que estava mais relacionado com os outros do que comigo. O meu desejo mais ardente era estar rodeada de pessoas felizes e bem-dispostas.


Agora já não leio contos de fadas, nem mesmo aos meus filhos. Mas os meus desejos mais preciosos são os mesmos e transformaram-se em objetivos a alcançar: ter sabedoria e estar rodeada de pessoas felizes é o que mais desejo nesta vida. É o meu objetivo supremo. E estou no bom caminho, pois cedo percebi que a própria vida é dos melhores gurus que posso ter, a melhor ajuda, a ferramenta mais fantástica.


Basta abrir o meu coração, olhar à minha volta para conseguir encontrar em todo o lado fontes de sabedoria inesgotáveis. Se é este o nosso desejo, podemos aprender imenso com as várias situações que a vida nos proporciona, com os problemas e desafios, os nossos relacionamentos e sobretudo aprendemos quando não nos sentimos superiores. Este ponto é um dos mais importantes no caminho para a sabedoria.


Apercebo-me hoje que a sabedoria consiste em olhar para uma situação qualquer, para além do nosso ego. E aproveitar todas as dimensões, para além do nosso ponto de vista. A posição, o papel e a função influencia-nos a todos, sem discriminação e os mais simpáticos podem tornar-se grosseiros ou ásperos numa situação difícil que lhes foge ao controlo e que os faz sentirem-se vulneráveis. Mas não é por isso que são más pessoas.


Todos o constatamos quando desempenhamos diferentes papéis na vida familiar ou profissional, quando somos funcionários e depois patrões, quando ganhámos pouco e depois muito. Quando somos traídos e depois traímos. Ou vice-versa.


O melhor exemplo são as famílias compostas por relações difíceis. Imagine que é novinha, os seus pais divorciaram-se e o seu pai encontrou uma nova companheira. Você detesta esta mulher com todo o seu coração e faz tudo para lhe dificultar a vida. No seu interior, sabe que não é sábio ou correto fazê-lo, mas acha que tem razão, porque ela merece o seu desprezo e desgosto. Depois cresce e apercebe-se de que esta mãe substituta não é tão antipática. À sua maneira, ela faz tudo para que as coisas corram bem para todos.


E torna-se finalmente adulta e encontra um homem de que gosta imenso, mas que já tem vários filhos de um casamento anterior. Está agora no lugar da sua madrasta. Os filhos não querem aceitá-la embora faça o seu melhor, inclusive para eles. Superando o seu ego, compreende finalmente a mulher do seu pai. E compreende também que a rejeição dos seus enteados não é pessoal, pois não se trata de si, mas desta nova mulher que substitui a mãe deles.


Tem, por fim, os seus próprios filhos e após vários anos de relacionamento, uns felizes, outros nem por isso, separa-se do seu marido, que inicia depois outro relacionamento. Os seus filhos são confrontados com a nova mulher do pai e a criança em si compreende muito bem as queixas deles, as angústias, o descontentamento, a raiva.


No entanto, possui ferramentas novas e já ganhou bastante sabedoria para analisar a mesma situação com três pontos de vista diferentes, pois passou pelos três: esteve no lugar dos filhos descontentes, conheceu a posição da madrasta detestada e agora está no lugar da mãe que foi substituída.


Está no ponto onde pode escolher, com toda a consciência e experiência acumulada, o papel que mais quer desempenhar. Pode tornar-se uma mulher que manipula subtilmente os seus filhos ou pode explicar-lhe que esta nova mulher tem certamente um lado bom e que devem aprender a viver com ela num relacionamento sereno. Se entretanto se tornou mais sábia, escolherá sem dúvida a última opção, até porque adora os seus filhos e só quer o bem deles; e isso passa necessariamente por terem uma vida familiar tranquila, harmoniosa e serena. Tem agora a consciência de que todas as situações apresentam sempre diferentes facetas.


A sabedoria também é isso: a incrível virtude de se colocar no lugar do outro, mesmo quando discordamos dele e não o compreendemos ou quando não o achamos nada simpático.


“A sabedoria não é um produto que se possa colecionar, como os conhecimentos”, dizia um sábio indiano. Porque a sabedoria chega através do nosso coração, através do amor. Se o nosso coração estiver aberto ao amor, à confiança e à vida, conseguimos subir um novo patamar e chegar a uma lucidez e compreensão profundas da essência da vida e da pessoa que realmente somos.


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