Seu sentido original quer dizer envidere, não ver, cegueira. Ou seja, não ver a si mesmo, somente o outro. Caminhar segundo o passo espiritual de outra pessoa. Ter inveja é comparar seu próprio caminho com base nos esforços e resultados obtidos por outras pessoas. Sentindo pesar com o sucesso alheio. Isso causa tristeza, rancor e ressentimento.
Assim, considera-se o bem do outro como seu próprio mal, por diminuir a sua glória ou a sua excelência. Ficar com “olho grande”, por não receber os mesmos elogios, pelo desejo de ser sempre preferido em tudo.
A inveja é fruto da falta de autoconhecimento. É um horror tal olhar a si mesmo, que precisamos nos olhar a partir do olhar do outro. Como uma Medusa, que só pode ser olhada através do espelho, para não ser petrificado pelo medo. A inveja, pode abrir este espaço de auto observação. Onde sinto inveja, mostra o espaço daquilo que não sou.
Só temos inveja daqueles que nos estão próximos, cuja glória queremos igualar ou sobrepujar. Deste modo, isto não ocorre em relação aos que estão muito longe em lugar, tempo (Júlio César) ou estado (uma planta). Mas sim aos que nos são chegados, como nossos familiares, vizinhos, amigos, concorrentes. Do mesmo modo, não invejamos quem possui bens ou virtudes que completamente nos faltam. Mas sim, em relação aquilo que nos falta pouco e que nos frustramos por não conseguir obter.
Segundo S. Tomás de Aquino, fomos trazidos da morte para a vida, para amarmos a nossos irmãos. Assim, o objeto, tanto da caridade como da inveja é o bem do próximo, mas por movimentos contrários. Afinal, a caridade se alegra com esse bem, ao passo que a inveja com ele se entristece.
Defeito capital ligado ao Planeta Mercúrio. Além da Caridade, que no catolicismo está relacionada ao amor, ágape. Pode-se associar à inveja a virtude da paciência, que é a capacidade de caminhar (espiritualmente) no seu próprio ritmo. Ter a capacidade de avançar nos estudos no seu próprio passo.
Não devemos nos comparar com os outros, mas com o melhor de nós mesmo. Com a representação arquetípica do que é ser humano. Para assim, ao nosso tempo, seguir nosso caminho de autodesenvolvimento.
São Tomás de Aquino determina
cinco características inerentes como sendo filhas da Inveja:
Fofoca – espalhar meias-verdades, distorções, mentiras (associada à Avareza) ou fatos embaraçosos ou depreciativos em relação a outra pessoa, com o intuito de prejudicar o próximo.
Detração – Significa falar mal às claras. Possui os efeitos semelhantes aos da fofoca, com as mesmas intenções, mas é feito abertamente. A diferença entre os dois é que a detração está maculada pelo Orgulho de se mostrar como causador do dano.
Exultação pela Adversidade Alheia – Ficar feliz por ter conseguido diminuir a glória do próximo.
Aflição pela Prosperidade – Ocorre quando não se consegue de nenhuma maneira diminuir as realizações da outra pessoa, então passa a se entristecer com o resultado das conquistas alheias.
Ódio – o efeito final da inveja: o invejoso não apenas se entristece pelas conquistas do outro e deseja o fim das glórias e objetivos alcançados pelo próximo, mas passa a desejar o mal sob todos os aspectos para aquela pessoa também.
